Leonard Thompson, Marjorie e o descobrimento da insulina

O desenvolvimento da insulina foi um marco na medicina moderna. Apesar de o diabetes ter sido mencionado por egípcios desde 1552 antes da era cristã, muito pouco foi feito para seu tratamento até o século XX. O diabetes era praticamente uma sentença de morte.
Em 1920 um cirurgião da cidade de London (província de Ontario) chamado Frederick Banting teve uma idéia sobre o desenvolvimento da insulina. Numa noite, durante um sonho, Banting tinha tido a idéia de fazer a ligadura (obstrução) dos ductos pancreáticos de pâncreas de cachorros. Com isto, as enzimas digestivas do pâncreas promoveriam uma espécie de “autodigestão” do pâncreas e ele poderia isolar apenas as ilhotas pancreáticas responsáveis pela produção de insulina. Ele acordou deste sonho e o escreveu num pequeno pedaço de papel para não esquecer.
Por conta desta idéia, mudou-se para Toronto e procurou um importante professor e estudioso sobre metabolismo dos carboidratos chamado MacLeod.

Sem acreditar muito nas idéias deste cirurgião, o professor MacLeod lhe ofereceu um laboratório simples e 10 cães para serem usados nas férias de verão da Universidade enquanto ele mesmo tiraria férias. Juntamente com Banting, um jovem estudante chamado Charles Best colaborou enormemente com as pesquisas.

Eles botaram em prática a idéia de Banting para isolar a insulina e aplicaram o extrato pancreático (então chamado “isletina”) em modelos de cães diabéticos que tiveram seus pâncreas previamente retirados.

Após algumas tentativas, o maior sucesso aconteceu com uma cachorrinha diabética chamada Marjorie, que sobreviveu 70 dias após a retirada seu pâncreas usando o novo medicamento desenvolvido pela dupla de cientistas.

Com a inexperada boa evolução das pesquisas, o Prof Macleod ofereceu maior estrutura e equipamentos e ainda uniu à equipe um químico chamado Collip, para promover uma maior purificação do hormônio pancreático.

Com o hormônio mais purificado, um menino de 14 anos chamado Leonard Thompson foi o primeiro a receber a injeção em 11 janeiro de 1922. Geralmente naquela época o paciente diabético tinha sobrevida de alguns meses e quando muito poucos anos. Leonard Thompson viveu inacreditavelmente 27 anos (muito tempo para a época) e faleceu de pneumonia.

Em agosto de 1922, a filha de um dos homens mais poderosos do mundo, o então secretário de Estado dos Estados Unidos,  Charles Evans Huges tornara-se diabética e sofria com os sintomas. Era Elizabeth Huges, uma menina de 14 anos que mudou-se para Toronto e também iniciou o uso de insulina. Increditavelmente ela faleceu somente aos 74 anos, em 1981.

Por motivos óbvios, o quarteto formado por MacLeod, Banting, Best e Collip dividiram o Prêmio Nobel de Medicina de 1923. Não menos importantes foram os papéis desempenhados pelos voluntários desta pesquisa, pelos animais e pelos auxiliares de pesquisa envolvidos neste episódio.

Para saber mais detalhes desta fascinante história recomendo a leitura do livro “The Discovery of Insulin por Michael Bliss – 25a edição – editado pela London Review Books” . Basta acessar o link  http://www.amazon.com/The-Discovery-Insulin-Twenty-fifth-Anniversary/dp/0226058999

 

 

 

27/07/2020

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